Uma das práticas adotadas em certas empresas para economia de tempo (e consequentemente redução de custos) é o crossdocking, que consiste em consolidar mercadorias oriundas de vários fornecedores destinadas a determinado cliente num único veículo. Exemplificando, imaginemos um supermercado que precisa receber mercadorias de fornecedores distintos: alimentos, perfumaria, higiene, cigarros, etc. Ao invés de cada fornecedor enviar seu veículo ao mercado para descarregar as mercadorias, elas são consolidadas num único veículo, em um local destinado para esse fim, geralmente no centro de distribuição do operador logístico responsável pelo crossdocking. O detalhe que mais atrai empresas investirem nesse tipo de prática é que ela não exige estocagem dos produtos no CD.
Para que o fluxo acima descrito ocorra de forma sincronizada, as informações referentes à frota disponível e rota de entrega, produtos comercializados, fornecedores e clientes cadastrados e planejamento da demanda precisam ser transmitidos em meio seguro e confiável, requisitos que o EDI (Electronic Data Interchange) consegue atender sem riscos significativos. Para esclarecer, o EDI é “uma rede de acesso direto aos clientes do provedor, permitindo a conexão entre os sistemas eletrônicos de informação entre empresas, independentemente dos sistemas e procedimentos utilizados no interior de cada uma dessas empresas.” (PIZYSIEZNIG FILHO, 1997)
Aplicabilidade do EDI na prática de Crossdocking
Como no crossdocking várias empresas podem fornecer produtos diversos a um mesmo cliente, o EDI desempenha seu papel ao poder se integar com os programas de ERP, WMS e TMS, por exemplo, de cada fornecedor, ficando com a empresa operadora do crossdocking a tarefa de acompanhar informações, tais como: quais clientes fizeram requisição de produto, quantidade, tipo. A partir desses dados pode-se elaborar o roteiro de entrega e planejamento de quais produtos poderão viajar juntos, uma vez que certas dimensões e propriedades diversas podem impedir colocar no mesmo veículo determinados produtos.
Benefícios
O EDI tem como função garantir sigilo das informações, ou seja, fica mais difícil uma ação maliciosa que objetiva a interceptação de dados. Também há a redução de papel, menor margem de erros (os dados são informatizados), flexibilidade quanto à demanda pretendida, apoio à filosofia Just In Time (produção puxada pela demanda) além de servir como uma ferramenta gerencial, pois mudanças de planos são comunicadas com maior rapidez.
Desafios
Tal como toda técnica que automatiza processos, o EDI no crossdocking não faz milagres se os processos de entrega atrasam com frequência ou informações são interpretadas erroneamente. É necessário que haja coordenação no fluxo de cada fornecedor para não haver atrasos e faltas e planejamento minucioso dos fornecedores parceiros, frota, layout, além da análise da viabilidade econômica. Em vista desses itens, o fator mais desafiador é convencer os clientes a adotarem esse sistema, em vista que o EDI é incompatível com a maioria dos sistemas existentes. Implantá-lo exigirá esforço – um esforço que compensa.
Bibliografia: Operação de Crossdocking, EDI e seus impactos organizacionais